CARE rejeita a ajuda alimentar dos EUA | 12Mai2009 14:40:00
Em Agosto de 2007 a CARE, uma das maiores e mais conhecidas organizações humanitárias americanas, anunciou que iria recusar 45 milhões de dólares por ano de ajuda alimentar por parte do governo norte-americano. A CARE alega que a forma como a ajuda dos EUA está estruturada causa, em vez de reduzir, a fome nos países que a recebem. Os EUA orçamentam 2 mil milhões de dólares para ajuda alimentar, a qual vai comprar colheitas agrícolas norte-americanas para alimentar populações enfrentando a fome devido a crises ou fomes crónicas persistentes.
[...] A política americana implementa a prática da monetização, uma política de ajuda alimentar na qual o governo dos EUA compra alimentos excedentes dos agri-negócios americanos, que por sua vez já foram altamente subsidiados, e envia-os através de linhas de navegação americanas (originando custos de transporte que absorvem a maior parte dos 2 mil milhões de dólares em ajuda alimentar fornecida pelo governo) para ajudar organizações trabalhando em todo o mundo. As organizações humanitárias vendem então as colheitas americanas às populações locais, a um preço dramaticamente reduzido. As organizações humanitárias utilizam os resultados das vendas destes produtos para financiar os seus programas de desenvolvimento e anti-pobreza. Mas vários grupos, com a CARE à cabeça, apontam que esta política tem o efeito de destruir os camponeses locais e desestabilizar os mesmos sistemas de produção alimentar que as organizações humanitárias estão tentando fortalecer.
Uma política que põe fora de actividade os agricultores locais e que sabota a agricultura nos países em desenvolvimento torna-se parte de um processo através do qual esses países perdem os meios para se desenvolverem - e assim tornam-se mais dependentes das nações mais poderosas e dominantes. Estes países tornam-se mais vulneráveis em todos os campos, não somente economicamente mas também politicamente. O resultado é provavelmente mais fome e menos soberania visto que os países cada vez estão mais vinculados ao mercado mundial.