Estão os irlandeses bloqueando “o resto da Europa”? | 18Out2009 19:32:06
UNIÃO EUROPEIA, O CAMINHO PARA A DITADURA
Sempre esteve claro que as elites do poder não vão aceitar o “não” irlandês ao seu precioso plano.
Desta vez os eurocratas na verdade não estão a mentir quando dizem que não têm plano B. Depois do primeiro choque e gemidos e ranger de dentes, eles simplesmente continuarão a levar á frente o plano A.
Dessa forma, a manipulação da realidade para rejeitar a vontade do povo e quebrar as suas próprias regras assim como os princípios mais fundamentais das sociedades livres já começou.
Um dos tópicos mais repugnantes e ultrajantes que já está a ser propagado pelos eurocratas e seus amigos na mídia liberal dominante é que 862.415 votantes irlandeses não têm o direito de bloquear o objectivo pretendido por 450 milhões de europeus. Esta distorção da realidade não pode ser deixada passar sem ser contestada.
Em 1º lugar, aqueles poucos milhões de irlandeses foram, de facto, os únicos cidadãos na Europa a quem se perguntou a opinião. O resto dos 446 milhões, ou à volta disso, nunca foram consultados. Como pode qualquer politico afirmar que os seus eleitores querem a ratificação da Constituição da UE/Tratado de Lisboa, quando a classe política, na sua totalidade, insistiu enfaticamente em não perguntar ao povo? De facto, em muitos países, os políticos admitem abertamente que os seus eleitores teriam feito o mesmo que fizeram os irlandeses, i.e., votado contra essa podridão.
Portanto não se trata dos poucos milhões de votantes irlandeses bloqueando a vontade de milhões de outros votantes europeus mas, muito claramente, um grande número de eleitores irlandeses contra alguns poucos milhares de políticos e burocratas que constituem a elite do poder da Europa. Isto dá-nos uma perspectiva totalmente diferente, não dá?
Em 2º lugar, o que é que aconteceu aos 20 milhões de votantes franceses e holandeses que disseram não ao mesmo documento há três anos atrás? Porque é que o seu “não” não é contado?
É claro que a manipulação da realidade não resultaria com estes números. Quando os eurocratas falam de 450 milhões de europeus cujos corações e sonhos foram supostamente quebrados devido ao “egoísmo” de um pequeno número de votantes irlandeses, eles esquecem-se de subtrair 64 milhões de franceses e 16 milhões de holandeses (e, na verdade, 4 milhões de irlandeses) do grande total.
Estas são as nações que – dando-lhe a hipótese – votaram contra a coisa. As únicas nações que apoiaram a constituição da UE/Tratado de Lisboa num referendo foram a Espanha e o Luxemburgo.
Portanto não se trata de uns poucos irlandeses contra o resto da Europa. De facto 60% dos países que tiveram o referendo sobre a Constituição rejeitaram-na.
A dura verdade é que nenhum governo na Europa que ratifique o Tratado de Lisboa pode continuar a pretender ser legítimo. Os governos têm ido conscienciosa e intencionalmente contra a vontade do povo, rasgaram as suas próprias constituições, corromperam os seus tribunais para aceitarem isso (dessa forma deitando ao lixo o estado de direito) e começaram a governar sem o consentimento do povo ou o estado de direito.
Notícia original: 20 Jun 2008, Martin Helme